domingo, 27 de setembro de 2015

Faça.

 Não dá pra acreditar no quanto uma vida pode mudar exatamente na troca de um milésimo de segundo para o outro. Uma hora você odeia uma pessoa e, tão de repente, você percebe o quanto você quer, o quanto você precisa dela. O mesmo, infelizmente, acontece com os acidentes: uma hora vocês estão rindo de uma piada boba que, de tão idiota, se torna engraçada e, um segundo depois.. caos para todo lado, sangue para todo lado. Uma vida deixada de lado. 
 Dizem que o pior do acidente é você ser o sobrevivente de uma tragédia, por exemplo. Não há como negar que, no meio da tragédia, você ser a pessoa que sobreviveu não será uma das melhores coisas da sua vida. Antes que falem qualquer coisa, vou explicar: ser sobrevivente significa, obviamente, que sua hora não chegou mas, ao mesmo tempo, é como se parte de você teve que partir. Você morre internamente para poder se recuperar externamente. Você tem que se reerguer, mudar sua vida, para que saiba quais erros você tem que consertar. 
 Como volta a viver, quando grande parte de você morreu? Como faz para encontrar a alegria nas coisas mais idiotas que você achava? Como faz para superar a perda de alguém que fez parte da sua vida? O mundo está tão banal que a única coisa que nos resta é se preparar, ser forte, para as piores coisas que podemos imaginar que podem acontecer. 
  Não adianta ter uma ilusão que nada pode acontecer à alguém bem próximo a você, por exemplo. Olhem as reportagens, olhem o que anda acontecendo ao mundo: estamos retrocedendo aquilo que deveria estar evoluindo para algo bom. São inocentes morrendo, são crianças perdendo a inocência antes da hora. Tudo está cagado, e isso é mais que o óbvio. 
É a economia, as travessias clandestinas, é o preconceito, é a brutalidade entre famílias por coisa boba, são crianças morrendo por vingança, são crianças sendo deixada à sorte, são famílias vendo um dos seus ser assassinado, é a perda de emprego, é a caça proibida, são os animais perdendo espaço, é a má formação do profissional, é a fome...
As pessoas estão perdendo a noção das coisas e estão virando desumanos e, não, não pode se dizer que estão virando animais porque nem os animais merecem tal insulto. Se você se preocupa demais com as pessoas próximas de você, alguma delas vai te apunhalar pelas costas. Se você se preocupa só com a sua família, pode ser que algum membro faça a mesma coisa, ou não. Nunca sabemos e nunca estamos preparados para o que pode acontecer. 
Perder alguém é horrível, mas perder alguém para a morte.. ultrapassa o limite da dor. Tudo bem que, depois de um tempo, você aprenda a conviver com a dor, mas até lá.. O que eu peço, através de um texto confuso das minhas ideias sobre esse assunto, é que não se deixem levar pelo desamor que outras pessoas demonstram ter. Aproveite, ame, se jogue da onde for para salvar quem for. Se você sofrer por alguém que amava e confiava, bom.. você fez o que pôde e a pessoa não contribuiu para nada, então você não terá feito nada de errado. Mostrem que não são robôs, mostrem que há um coração que bate e que há inúmeras sensações, inúmeros momentos, que valem à pena ser vividos. Além disso, faça o que puder para ajudar quem precisar, lembre-se disso: você não será lembrado só se for poderoso e tal, mas, sim, será lembrado pelo que fez pelas pessoas. Clichê, sei disso, mas qual clichê não é verdadeiro?!
Sou uma garota de 17 anos que só está pedindo mais um pequeno favor: demonstrem, para aqueles que já podem ser considerados mais robôs do que humanos, que o coração deles ainda está batendo e que ele bate em frequências diferentes em cada situação. Mostrem para a humanidade, ou o que restou dela, que o futuro não vai se transformar com derramamento de sangue.
Mostrem que vocês fizeram a parte de vocês.


De uma garota qualquer de dezessete anos e que ainda tem um pouco de esperança que tudo pode mudar, eu desejo tudo de melhor na vida de cada um que leu esse texto. 
Um abraço, 
Mylena Guimarães Batista. 

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