domingo, 28 de junho de 2015

Yin-yang

 Ele vai preferir suco de abacaxi com hortelã, enquanto você quer o de laranja. Ele vai rir de você quando seu cabelo estiver bagunçado. Ele não vai dizer que te ama o tempo todo mas, quando se sentir insegura, ele vai provar que realmente a ama. Ele vai te esperar, vai se esforçar, quando você estiver que ficar longe por pouco ou longo tempo. Ele vai rir, depois de ajuda-lá a se levantar, toda vez que você cair; ou talvez te ajude depois de rir. Ele vai se sentir inseguro tanto quanto você, caso o relacionamento comece a esfriar. Ele vai desaprovar algumas atitudes suas e, sim, vocês vão brigar. 
Você vai ter o receio de ser trocada, porque já é acostumada com isso. Você vai ter ciúmes tanto quanto ele. Você talvez não se dê bem com os amigos dele, ou vice-versa. Você não vai gostar sempre da roupa que ele estiver usando. Você vai ter lembranças de relacionamentos antigos e, por esse motivo, sentirá medo de sofrer novamente. Você vai sofrer quando estiverem longe. Você vai rir enquanto ele se atrapalha na cozinha. Você vai gostar quando ele te surpreender. Você não vai concordar sempre com ele, e vice-versa. Você nem sempre gostará de esperar enquanto ele joga. Você vai gargalhar se ele não conseguir lidar com uma criança e talvez o deixe irritado. Você fará brincadeiras de criança, só pra arrancar um sorriso. 
Vocês, pelas grandes ou pequenas diferenças, terão brigas inimagináveis. Vocês não terão paciência sempre um com o outro. Vocês não terão assunto para sempre. Vocês talvez não gostarão de alguns lugares que o outro gosta. Vocês, talvez, tenham gostos musicais diferentes. Vocês irão ensinar coisas um para o outro. Vocês, talvez, não se verão com tanta frequência. Vocês vão ter, sim, as suas brincadeiras que ninguém mais entenderá. Vocês terão segredos compartilhados. Vocês sofrerão juntos. Enfim...vocês terão, sim, divergências.
A questão de um relacionamento não é encontrar alguém perfeito. A questão é amar alguém que, por mais que tenham defeitos insuportáveis, te complete e te faça feliz. É encontrar algo em que não encontrou em mais ninguém. É sofrer, por qualquer circunstância que seja, porque sabe que vale à pena. A questão não é encontrar um príncipe que você já formulou em sua cabeça e/ou que viu em filmes de romance, mas, sim, encontrar um Shrek, com todas suas "ogrices", diferenças, defeitos, enfim.. é encontrar algo que talvez não seja o que você estivesse procurando mas, sim, que estivesse precisando e nem sabia. 
A questão de um relacionamento não é viver um conto de fadas daqueles que os livros falam. É fazer com que o conto de fadas seja criado por vocês dois; será a história de vocês e é responsabilidade de vocês de escreverem cada parágrafo, linha, e palavras. 
Vai ser difícil? Vai. Terão pessoas querendo atrapalhar? Terão, e muitas!. Vamos ter receios/medos? Pode apostar nisso! Mas quem se importa? Se vocês se gostam, se amam, a questão de lutar por algo que querem de fato, terá que vir dos dois. 
Até porque, mesmo que você não queira um conto de fadas em sua vida, em algum momento, aparecerá alguém que, por mais que tenha surgido do nada, será a pessoa certa pra você. 
Ele(a) fará a diferença pra você e é isso que importa, acima de tudo e de todos. 
Afinal de contas, se está difícil, é porque dará certo no final. 


Mylena Guimarães Batista. 

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Toda forma de amor é válida

Sou a favor da felicidade que um indivíduo pode proporcionar ao outro. 
Sou a favor dos risos, dos segredos compartilhados, do respeito e lealdade, da forma como um sorriso depende do outro, como um olhar expressa o sentimento mais raro no mundo de hoje: o amor. Sou a favor das mãos dadas, do carinho em público, das brincadeiras, da divisão de comida e/ou roupas. 
Sou a favor do respeito ao próximo, sem julgamentos, sou a favor das diferenças sociais e religiosas. 
Sou a favor de roupas diferentes, de cabelos extravagantes e de gostos peculiares. 
Sou a favor de quem opina, de quem luta pelo que quer. Sou a favor de quem ajuda o próximo, de namoro à distância, de namoro estilo "grude". 
Sou a favor de quem curte futebol, basquete e sou a favor, também, de quem prefere jogos de tabuleiros ou videogames. Sou a favor daqueles que preferem direito ao invés da gastronomia, ou música ao invés de direito. Sou a favor de quem prefere mexer com animas, ao invés de lidar com os humanos e vice-versa. Sou a favor de quem escreve, de quem sente, de quem compõe. 
Sou a favor do preocupado e do despreocupado, também. Sou a favor do jovem, do velho. Sou a favor do modo como as crianças enxergam o mundo. Sou a favor da existência dos pandas e dos golfinhos. 
Sou a favor de histórias inspiradoras, de pessoas que realmente lutaram por algo. Sou a favor de músicas velhas, desconhecidas, tanto quanto sou a favor de músicas atuais. Sou a favor da moda, estilo garotinha tanto quanto estilo boyfriend, sou a favor do salto alto, mesmo preferindo mil vezes o tênis. 
Sou a favor do romantismo, mas não exagerado. Sou a favor da saudade. Sou a favor do ciúmes, quando não é algo possessivo. Sou a favor do arco-íris, mas, também, sou a favor da chuva. Sou a favor do inverno, mas o verão não fica muito atrás. 
Sou a favor de pais adotivos e de inseminação artificial. Sou a favor do trabalho voluntário. Sou a favor da adoção. Sou a favor de intercâmbios. Sou a favor dos livros e adaptações. Sou a favor do conhecimento que cada um quer pra si. 
Eu sou a favor da baixinha com o grandão, do magro com a gordinha, do garoto com a mulher, sei lá, cinco anos mais velha que ele assim como sou a favor da mulher com mulher, e homem com homem. Sou a favor da liberdade de expressão, tanto quanto sou a favor da liberdade para aqueles que se amam. 
Sou a favor de todas as formas de amor existente no planeta, e não estou apenas dizendo sobre a sexualidade. No mundo, há tantas coisas pra se fazer, há tantas coisas para conhecer, há tantas opiniões que devem ser pensadas, repensadas e alteradas.. e, mesmo assim, a sociedade continua exercendo a tarefa de atrapalhar aqueles que estão apenas tentando ser o que todos nós queremos: felizes. O que é bom pra mim, pode não ser pra você, mas isso não significa que você não irá respeitar as minhas preferências - isso se você não for um idiota que acredita que o mundo gira apenas em torno dos seus gostos, em geral. 
Se não afetou sua vida a existência dos gays - e, desculpem pela grande revelação que vocês vão descobrir agora: ser gay não é doença mas, sim, uma opção sexual diferente dos padrões da sociedade de hoje; mas isso não significa que eles surgiram do nada, tá?! Só pra deixar claro - significa que a legalização também não será um problema. Eles são felizes, e só querem o mesmo direito que qualquer heterossexual possui: casar, construir uma família, sem precisar ser considerado uma aberração na sociedade que se forma. 
Afinal, love is love  ❤️❤️



Mylena Guimarães Batista. 

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Reportagem para ONHB!

Este ano, junto com duas amigas, entrei para a 7ª Olimpíada Nacional em História do Brasil com o apoio da escola e professora(s). Infelizmente, não passamos para a 5ª fase, mas pudemos ter a oportunidade de entrevistar a mãe de uma amiga nossa, e que tem uma história surpreendente! Eu não pude ir no dia da entrevista mas as meninas, Cibele e Thalia, fizeram o favor de gravarem e me passarem - obrigada whats!! -  para que eu pudesse escrever a minha primeira reportagem \o//! Felizmente, depois de terminada, tanto à minha equipe, a família da entrevistada, minha família e as professoras adoraram o resultado final!! Agradeço, em nome da equipe, às professoras Sandra Van Ryn Cole, pela paciência e grande ajuda na olimpíada, e a professora Patrícia Rodrigues, que mudou apenas o necessário no meu texto, e em grande ajuda, também, por ter gasto seu tempo para avaliar algumas questões, haha. Obrigada à Talita Garcia, por ter me aguentado lendo e relendo o texto várias e várias vezes e por ter contribuído, de certa forma, para que eu pudesse finalizar sem muitos rodeios! E um MUITO OBRIGADA à dona Bia, que voltou ao passado e relembrou as coisas que já passou por causa do preconceito racial (que era o tema, aliás) e foi super simpática conosco! Você é uma inspiração para todos, Bia, jamais esqueça disso! Bom, chega de enrolação porque já está comprido demais, né?! hahaha Confiram a minha primeira reportagem e sintam-se à vontade para darem sua opinião e críticas ! 

Vítima do racismo.  




 "Desde quando me conheci como gente", é assim que a Srª Valdecir Martins de Souza, mais conhecida como Bia, começa a dizer os problemas sofridos por ela na sua adolescência e grande parte de sua vida adulta. Negra, vinda de Pernambuco - após passar por Alagoas, São Paulo e por fim, se fixar no Mato Grosso - a senhora de sorriso fácil e com personalidade forte não se deixa abalar, ao relatar histórias que envolvem seu passado. 
  Ela entrou na escola aos onze anos de idade e desde cedo teve que aguentar as zombarias de seus colegas por causa de sua cor, já que Valdecir estudava numa escola rural, filha de um caseiro, e as garotas eram filhas de fazendeiros. Mas isso não a desanimou "Eu tinha um sonho em aprender a ler, então, para mim, o que vinha era lucro", complementa.
  A Sr.ª Bia também relembra que, entre os anos de 1896 e 1940, os cangaceiros tinham grande influência no nordeste: "Os cangaceiros chegavam pedindo comida e, caso alguém recusasse, eram mortos ali mesmo. Maria Bonita pedia às amigas da minha avó para que elas lhe dessem seus brincos e, quando estas recusavam, Maria Bonita arrancava-os à força, rasgando a orelha de cada uma"
  Quando é questionada sobre os momentos mais marcantes, por incrível que pareça, a Sr.ª Bia lembra de momentos felizes e não dos tristes em que foi vítima do racismo, e não pensa duas vezes em responder; "Um foi em São Paulo, com um médico, no ano de 1998. Eu estava grávida da Otília, havia chegado toda inchada, e o hospital estava cheia de mulher para fazer o pré-natal e o médico pediu para que eu me levantasse, olhou na minha cara e me disse: "Mulher, você é muito bonita", ela ri, ao se recordar da cena. Porém não demorou muito para se lembrar de outro caso: "Aqui na minha cidade atual, Tapurah, foi com a juíza. Me chamaram para participar de uma audiência pública, servindo como testemunha de uma senhora que estava tentando se aposentar. Fui na Leia (salão de beleza) dar uns trator no cabelo de "Elba Ramalho". Ela deu uma geral, então eu fui. Quando eu entrei, a juíza olhou pra mim e disse: "Nossa! Você é muito bonita", Bia ri, envergonhada. Já que na época e até nos dias atuais, grande parte da população ainda valoriza a beleza de pessoas brancas e não negras. 
"Já não me estresso, porque a vida é assim: tem aprendizagem diferente ao longo da caminhada. Eu ensino meus filhos a tratarem todos igualmente porque temos todos o mesmo sangue. Hoje eu tenho orgulho de admitir que vim de família negra, que sou negra, e que há muitas histórias que os jovens de hoje em dia não sabem. Não só no nosso país, mas no mundo inteiro sempre haverá preconceito (...) No meio de um milhão e meio, terão meio milhão que não se adaptam e não vão se adaptar, mas é assim que o mundo gira, né!? (...) Eu sei que vou continuar sendo negra e feliz, do jeito que eu sempre fui" ela diz, com um sorriso no rosto, "o essencial de hoje em dia é e sempre será o respeito e educação que um tem pelo outro. O resto vem com o tempo, né?!" 

"Estou vencendo o preconceito e vou vencer mil vezes. Não sou grossa. Eu rebato com a educação porque, se você atacar com a educação, a pessoa vai colocar a cabeça na cama e vai admitir que errou" 


Da direita para à esquerda: Eu, Sr.ª Bia, Cibele e Thalia