segunda-feira, 1 de junho de 2015

Reportagem para ONHB!

Este ano, junto com duas amigas, entrei para a 7ª Olimpíada Nacional em História do Brasil com o apoio da escola e professora(s). Infelizmente, não passamos para a 5ª fase, mas pudemos ter a oportunidade de entrevistar a mãe de uma amiga nossa, e que tem uma história surpreendente! Eu não pude ir no dia da entrevista mas as meninas, Cibele e Thalia, fizeram o favor de gravarem e me passarem - obrigada whats!! -  para que eu pudesse escrever a minha primeira reportagem \o//! Felizmente, depois de terminada, tanto à minha equipe, a família da entrevistada, minha família e as professoras adoraram o resultado final!! Agradeço, em nome da equipe, às professoras Sandra Van Ryn Cole, pela paciência e grande ajuda na olimpíada, e a professora Patrícia Rodrigues, que mudou apenas o necessário no meu texto, e em grande ajuda, também, por ter gasto seu tempo para avaliar algumas questões, haha. Obrigada à Talita Garcia, por ter me aguentado lendo e relendo o texto várias e várias vezes e por ter contribuído, de certa forma, para que eu pudesse finalizar sem muitos rodeios! E um MUITO OBRIGADA à dona Bia, que voltou ao passado e relembrou as coisas que já passou por causa do preconceito racial (que era o tema, aliás) e foi super simpática conosco! Você é uma inspiração para todos, Bia, jamais esqueça disso! Bom, chega de enrolação porque já está comprido demais, né?! hahaha Confiram a minha primeira reportagem e sintam-se à vontade para darem sua opinião e críticas ! 

Vítima do racismo.  




 "Desde quando me conheci como gente", é assim que a Srª Valdecir Martins de Souza, mais conhecida como Bia, começa a dizer os problemas sofridos por ela na sua adolescência e grande parte de sua vida adulta. Negra, vinda de Pernambuco - após passar por Alagoas, São Paulo e por fim, se fixar no Mato Grosso - a senhora de sorriso fácil e com personalidade forte não se deixa abalar, ao relatar histórias que envolvem seu passado. 
  Ela entrou na escola aos onze anos de idade e desde cedo teve que aguentar as zombarias de seus colegas por causa de sua cor, já que Valdecir estudava numa escola rural, filha de um caseiro, e as garotas eram filhas de fazendeiros. Mas isso não a desanimou "Eu tinha um sonho em aprender a ler, então, para mim, o que vinha era lucro", complementa.
  A Sr.ª Bia também relembra que, entre os anos de 1896 e 1940, os cangaceiros tinham grande influência no nordeste: "Os cangaceiros chegavam pedindo comida e, caso alguém recusasse, eram mortos ali mesmo. Maria Bonita pedia às amigas da minha avó para que elas lhe dessem seus brincos e, quando estas recusavam, Maria Bonita arrancava-os à força, rasgando a orelha de cada uma"
  Quando é questionada sobre os momentos mais marcantes, por incrível que pareça, a Sr.ª Bia lembra de momentos felizes e não dos tristes em que foi vítima do racismo, e não pensa duas vezes em responder; "Um foi em São Paulo, com um médico, no ano de 1998. Eu estava grávida da Otília, havia chegado toda inchada, e o hospital estava cheia de mulher para fazer o pré-natal e o médico pediu para que eu me levantasse, olhou na minha cara e me disse: "Mulher, você é muito bonita", ela ri, ao se recordar da cena. Porém não demorou muito para se lembrar de outro caso: "Aqui na minha cidade atual, Tapurah, foi com a juíza. Me chamaram para participar de uma audiência pública, servindo como testemunha de uma senhora que estava tentando se aposentar. Fui na Leia (salão de beleza) dar uns trator no cabelo de "Elba Ramalho". Ela deu uma geral, então eu fui. Quando eu entrei, a juíza olhou pra mim e disse: "Nossa! Você é muito bonita", Bia ri, envergonhada. Já que na época e até nos dias atuais, grande parte da população ainda valoriza a beleza de pessoas brancas e não negras. 
"Já não me estresso, porque a vida é assim: tem aprendizagem diferente ao longo da caminhada. Eu ensino meus filhos a tratarem todos igualmente porque temos todos o mesmo sangue. Hoje eu tenho orgulho de admitir que vim de família negra, que sou negra, e que há muitas histórias que os jovens de hoje em dia não sabem. Não só no nosso país, mas no mundo inteiro sempre haverá preconceito (...) No meio de um milhão e meio, terão meio milhão que não se adaptam e não vão se adaptar, mas é assim que o mundo gira, né!? (...) Eu sei que vou continuar sendo negra e feliz, do jeito que eu sempre fui" ela diz, com um sorriso no rosto, "o essencial de hoje em dia é e sempre será o respeito e educação que um tem pelo outro. O resto vem com o tempo, né?!" 

"Estou vencendo o preconceito e vou vencer mil vezes. Não sou grossa. Eu rebato com a educação porque, se você atacar com a educação, a pessoa vai colocar a cabeça na cama e vai admitir que errou" 


Da direita para à esquerda: Eu, Sr.ª Bia, Cibele e Thalia 



Nenhum comentário:

Postar um comentário