quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Os olhos são o espelho da alma

Gosto do modo como as memórias são relembradas: se foi algo maravilhoso, há aquele brilho diferente no olhar; se foi algo bom, há aquele olhar carinhoso e/ou se foi algo trágico, há aquele olhar vago e obscuro. O que mais gosto, no entanto, é o fato de ouvir histórias da minha família e comparar com o que acontece atualmente - se uma mania foi passada da minha mãe para mim, por exemplo.
Conversando com a minha avó há uns dias, descobri que desde criança minha mãe adorava ler. Não que eu não soubesse disso, mas ver o brilho no olhar de uma idosa, o orgulho dela, foi.. diferente. Soube, também, que minha mãe ficava lendo até a madrugada e isso me fez sorrir. Hoje, se eu fico até tarde lendo, minha mãe já vem com aquelas broncas de que terei problemas com a vista e coisa e tal. Não que eu não soubesse disso também, mas gostei da ideia de ter um argumento contra ela, isso eu admito.
Gosto de conversar com pessoas que já se apaixonaram ou estão se apaixonando agora. Sempre, sempre mesmo, terá aquela linha tênue, um obstáculo, entre o casal. Quando o casal vence esse obstáculo, os olhares deles são completamente incomuns, é uma mistura grande de amor, carinho, cuidado, e uma armadura imaginária - preparada para a próxima luta. Quando é amor verdadeiro, é algo realmente admirável.
Mas, infelizmente, sempre há o outro lado da moeda. Quando o indivíduo se apaixona e, com o tempo, aquele relacionamento vai se desgastando e/ou, pior!, a pessoa finalmente compreende que aquele relacionamento não é mais aquilo que deveria ser, que tudo era uma enganação; o olhar já não é nada admirável. É, obviamente, o olhar de aprisionamento. E o melhor a se fazer, é a separação - por mais que seja doloroso.
Há aquelas lembranças dos amigos, claro! Sempre vai ter aqueles amigos que fazem a vida valer à pena. Que estão com você tanto nos seus melhores dias quanto nos seus piores. Aqueles para te levantarem, te manterem ainda de pé, quando o que você mais quer é ser levado até o fundo do poço e se manter por lá mesmo. Ah, sim! Esses são para serem mantidos ao seu lado, esses são, sim, para serem conservados dentro de um potinho e os manterem lá por toda vida.
Aqueles que são o oposto disso, devem ser mantidos bem, mas bem longe de você. Aqueles "amigos" que mudam com o tempo - esses, infelizmente, já deviam ter saído da sua vida. Sim, amizade por anos deveria ser algo realmente maravilhoso, mas eu admito que... bem, apesar de todos as aventuras maravilhosas, segredos compartilhados, risos e choros, o melhor é dar um fim e cada um seguir sua vida.
Enfim, as lembranças constroem as pessoas. Elas têm grande participação para a formação da história de cada um: desde do berço, os primeiros amigos, a primeira "apunhalada" de colegas, o primeiro amor não correspondido, o primeiro namorado(a), a primeira perda, o primeiro choro, o primeiro riso.. Tudo, absolutamente tudo, transformam-se em memória e, junto dela, uma lição. E são com essas lições que, com o passar do tempo, compreendemos o que cada ação do passado contribuiu ou afetou o nosso futuro. 

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